segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Cisternas de plástico doadas pelo Governo Federal apresentam defeitos no Piauí

Os agricultores do Piauí que receberam cisternas de plástico para enfrentar a seca reclamam que o material está deformando por não suportar o calor do sertão.

Depois de muito tempo de espera, a agricultora Francisca Rodrigues ganhou a cisterna de polietileno, um tipo de material plástico. O reservatório foi doado pelo Programa Água para Todos, do governo federal. Mas o presente decepcionou. “Antes de colocar água, ela começou a afundar”, diz.

No assentamento, que fica no município de Paulistana, foram instaladas 27 cisternas, mas 17 delas foram trocadas por apresentar defeito. A cisterna nova que a agricultora Lucílvia Rodrigues recebeu também apresentou deformação.
Muitas cisternas do município estão com a parte de cima do reservatório deformada e outras tiveram rachaduras. O agricultor Francisco Bertoldo, que recebeu uma cisterna com defeito, recusou a troca e fez um empréstimo no banco para construir um reservatório de placas de cimento.

Em nota, a Acqualimp, empresa que fabrica as cisternas, informou que já foram entregues 20 mil cisternas para o governo federal e que os reservatórios que apresentaram o defeito foram substituídos imediatamente.

ACESSE O LINK ABAIXO E ASSISTA A REPORTAGEM DO GLOBO RURAL:

segunda-feira, 26 de março de 2012

Meio Ambiente: Como chegamos a este ponto?



Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:


- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que
sacos de plástico não são amigáveis com o ambiente.

A senhora pediu desculpas e disse: - Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu: - Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora.

Sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.

- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja.

A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios.

Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?

Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos.

Canetas: recarregávamos com tinta tantas vezes ao invés de comprar outra. Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a atual geração fale tanto em "meio ambiente", mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?



(Agora que voce já leu o desabafo, envie para os seus amigos que têm mais de 50 anos de idade , e para os merdas que tem tudo nas mãos e só sabem criticar os mais velhos..

OBRIGADA AMIGOS(AS) POR LEREM , AGORA COMPARTILHEM , COM CARINHO SEMPRE
Andréa Santana
 
P
Vai imprimir? Pense na sua responsabilidade para com o meio ambiente.
Go print? Think of your responsibility with the nature

segunda-feira, 5 de março de 2012

Urina de vaca: uma fonte de nutrientes e substâncias benéficas às plantas

Coleta da Urina


Pulverização


A Agricultura Orgânica pode ser definida de diversas maneiras devido à multiplicidade das características envolvidas. Uma boa definição é esta que diz que é "um método de agricultura que visa o estabelecimento de sistemas agrícolas ecologicamente equilibrados e estáveis, economicamente produtivos em grande, média e pequena escalas, de elevada eficiência quanto à utilização dos recursos naturais de produção e socialmente bem estruturados, que resultem em alimentos saudáveis, de elevado valor nutritivo e livres de resíduos tóxicos, e em outros produtos agrícolas de qualidade superior, produzidos em total harmonia com a natureza e com as reais necessidades da humanidade".
Dentro da dimensão ecológica da Agroecologia, podemos identificar várias ações no sentido de ecologização dos sistemas produtivos, sendo que essas ações são possíveis de serem realizadas pelos agricultores. Além de conservar e melhorar a fertilidade dos solos, de preservar e ampliar a biodiversidade natural e doméstica, de proteger as fontes e cursos d'água, eliminar o uso de substâncias tóxicas, como os agrotóxicos e adubos sintéticos ou de efeito desconhecido, como os organismos geneticamente modificados, os agricultores deveriam, ainda, se preocupar com a reciclagem e/ou reutilização de materiais, energia e nutrientes. Dentre as possibilidades, em nível de propriedades, de reciclar nutrientes, está a utilização de urina de vaca.
A urina, além de fornecer nutrientes e substâncias benéficas às plantas, não custa dinheiro, não é marca registrada de empresa, não causa risco à saúde do produtor e é tão, ou mais, fácil de aplicar que muito agrotóxico. A urina de vaca é um insumo que livra os agricultores da dependência.
Na urina de vaca, encontramos vários nutrientes como o nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, manganês, boro, cobre, zinco, sódio, cloro, cobalto, molibdênio, alumínio (abaixo de 0,1 ppm), os fenóis, que são substâncias que aumentam a resistência das plantas. Também encontramos o ácido a indolacético, que é um hormônio natural de crescimento de plantas. Portanto, o uso da urina de vaca sobre os cultivos tem efeito fertilizante, fortificante (estimulante de crescimento) e também o efeito repelente devido ao cheiro forte.
Como preparar:
A urina deve ser recolhida em um balde e logo após ser envasada em recipiente fechado por no mínimo três dias antes de usar. Em recipientes fechados a urina poderá ser guardada por até um ano.
Como usar:
Diluir a 1% (um litro de urina em 100 litros de água), fazer pulverizações semanais em hortaliças e em frutíferas a cada quinze dias. Para utilizar no solo, junto ao pé da planta, diluir a 5% (5 litros de urina em 100 litros de água).
A integração da agricultura com a criação animal na propriedade é de extrema importância, pois além da urina, o esterco pode ser transformado em composto, muito importante para a agricultura orgânica. Os animais devem preferencialmente receber ração produzida na própria fazenda, ter instalações adequadas e pastejar livremente. Devem ser tratados com homeopatia, aromaterapia, fitoterapia e imunização.
Fonte: Empresa de pesquisa agropecuária do estado do Rio de Janeiro. Urina de vaca vaca: alternativa eficiente e barata. Niterói : Pesagro-Rio, 2001. 8 p. (Pesagro-Rio. Documentos; n. 68). 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Besouro rola-bosta africano (Digitonthophagus gazella) no controle das moscas-dos-chifres

 

A mosca-dos-chifres é uma pequena mosca hematófaga ( se alimenta de sangue) que ataca quase exclusivamente o gado bovino, sendo considerada uma das principais pragas da bovinocultura brasileira. Ela provoca estresse nos animais, uma vez que suas picadas são doloridas e ocorrem de forma freqüente. Um macho desta mosca pode picar até 24 vezes por dia e a fêmea, até 38 vezes. Esses fatores geram impactos negativos na produtividade do rebanho, comprometendo a produção de carne, leite e couro, ocasionando, por exemplo, perdas de até 40 kg de peso em um ano e diminuição da produtividade de leite em até 15% em um ano. Esta mosca se localiza na quase totalidade do corpo do animal, mas possui preferência pelas pernas, barriga e dorso.
O controle da mosca-dos-chifres pode ser químico, com o uso de inseticidas, ou biológico, que se dá principalmente com a utilização de besouros coprófagos (que se alimentam de fezes), conhecidos vulgarmente como rola-bosta. Este besouro foi importado da África para o Brasil em 1989 com o objetivo de promover o controle biológico da mosca-dos-chifres.
O rola bosta africano é um besouro com pouco mais de 1 cm de comprimento e que se alimenta durante toda a sua vida das fezes frescas dos bovinos. Além de servir para alimentação, as fezes de bovinos também são utilizadas para reprodução, através da formação de pelotas de fezes. Por isso que este besouro é denominado de rola bosta.
Estudos demonstraram que o uso do rola bosta africano em propriedades de bovinos pode reduzir em até 40% a infestação de moscas nas propriedades. O besouro promove o enterrio das fezes frescas no solo, eliminando larvas da mosca-dos-chifres, ajudando assim no controle desta mosca, que precisa de fezes frescas de bovinos para realizar a postura de seus ovos. Durante o programa, Flávio Barros Sant´Anna – Pesquisador Embrapa Cerrados, explica quais são as vantagens de se fazer o controle biológico da mosca-dos-chifres com o besouro rola bosta.
Além de promover menores danos ambientais, outra vantagem do uso do besouro rola bosta africano é permitir a limitação do uso de inseticidas para o controle da mosca dos chifres, possibilitando menores gastos para o produtor.

2007/10/01
15'
Liliane Castelões
Email: liliane@cpac.embrapa.br
Telefone: (61) 3388-9933
Embrapa Cerrados

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Manejo da Biodiversidade

Projeto de Formação Pela Experimentação em Produção Agroecológica de Hortaliças e Frutas

Sociedade de Apoio Sócio Ambientalista e Cultural – SASAC

Projeto Dom Helder Camara - PDHC

 BIODIVERSIDADE

Assentamento Ilha do Ouro – Porto da Folha – SE

27 de Maio de 2011


O que é biodiversidade?


O termo biodiversidade - ou diversidade biológica - descreve a riqueza e a variedade do mundo natural. As plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano.

Para entender o que é a biodiversidade, devemos considerar o termo em dois níveis diferentes: todas as formas de vida, assim como os genes contidos em cada indivíduo, e as inter-relações, ou ecossistemas, na qual a existência de uma espécie afeta diretamente muitas outras.

A diversidade biológica está presente em todo lugar: no meio dos desertos, nas tundras congeladas ou nas fontes de água sulfurosas.

A diversidade genética possibilitou a adaptação da vida nos mais diversos pontos do planeta. As plantas, por exemplo, estão na base dos ecossistemas.

Como elas florescem com mais intensidade nas áreas úmidas e quentes, a maior diversidade é detectada nos trópicos, como é o caso da Amazônia e sua excepcional vegetação.

Quantas espécies existem no mundo?


Não se sabe quantas espécies vegetais e animais existem no mundo. As estimativas variam entre 10 e 50 milhões, mas até agora os cientistas classificaram e deram nome a somente 1,5 milhão de espécies.

Entre os especialistas, o Brasil é considerado o país da "megadiversidade": aproximadamente 20% das espécies conhecidas no mundo estão aqui. É bastante divulgado, por exemplo, o potencial terapêutico das plantas da Amazônia.


Sua colaboração é fundamental para conservarmos o meio ambiente e garantirmos qualidade de vida para nós e nossas futuras gerações.


Quais as principais ameaças à biodiversidade?



A poluição, o uso excessivo dos recursos naturais, a expansão da fronteira agrícola em detrimento dos habitats naturais, a expansão urbana e industrial, tudo isso está levando muitas espécies vegetais e animais à extinção.

A cada ano, aproximadamente 17 milhões de hectares de floresta tropical são desmatados. As estimativas sugerem que, se isso continuar, entre 5% e 10% das espécies que habitam as florestas tropicais poderão estar extintas dentro dos próximos 30 anos.

A sociedade moderna - particularmente os países ricos - desperdiça grande quantidade de recursos naturais. A elevada produção e uso de papel, por exemplo, é uma ameaça constante às florestas.

A exploração excessiva de algumas espécies também pode causar a sua completa extinção. Por causa do uso medicinal de chifres de rinocerontes em Sumatra e em Java, por exemplo, o animal foi caçado até o limiar da extinção.

A poluição é outra grave ameaça à biodiversidade do planeta. Na Suécia, a poluição e a acidez das águas impede a sobrevivência de peixes e plantas em quatro mil lagos do país.

A introdução de espécies animais e vegetais em diferentes ecossistemas também pode ser prejudicial, pois acaba colocando em risco a biodiversidade de toda uma área, região ou país.

Um caso bem conhecido é o da importação do sapo cururu pelo governo da Austrália, com objetivo de controlar uma peste nas plantações de cana-de-açúcar no nordeste do país.

O animal revelou-se um predador voraz dos répteis e anfíbios da região, tornando-se um problema a mais para os produtores, e não uma solução.



Manejo de Ervas

Nas propriedades ecológicas recomenda-se o manejo das ervas espontâneas ou invasoras. Elas podem ser aproveitadas para a produção de compostos, cobertura do terreno e também manejadas da seguinte maneira:

1. Medidas preventivas:

1) Uso de sementes de boa qualidade, isentas de sementes estranhas.

2) Mudança da época de plantio, fazendo a semeadura mais cedo, para promover a germinação da cultura antes das plantas invasoras.

3) Evitar o uso de estercos que possam conter ervas daninhas, principalmente quando os animais se alimentam de capins ou gramas com sementes maduras, com feno ou grãos que contenham sementes de ervas daninhas.

4) No esterco do gado tratados com alimentos  ensilados ou tratados (moídos ou cozidos) não há este risco.

5) Nas áreas livres de ervas invasoras somente empregar  estercos livres de sementes estranhas e evitar trânsito ou pastejo de animais, para que não ocorra a infestação das ervas indesejáveis.

6) Manter limpos os equipamentos agrícolas para que não sejam veículos disseminadores de ervas indesejáveis para outras áreas.Fazer a erradicação ou roçada das ervas invasoras antes da sua produção de sementes.

2. Arranquio e Capina manual:

Em pequenas áreas como  hortas e jardins pode ser empregado a erradicação manual das ervas indesejáveis. A capina pela enxada é uma prática comum, porém de alto custo nos dias atuais.

3. Calagem:

Certas invasoras que desenvolvem-se bem em solos ácidos são erradicadas quando é feita a calagem do solo. Como exemplo estão o carrapicho de carneiro, a samambaia e o sapé.

4. Cobertura morta:

A adição de palha, bagaços (ex: cana-de-açucar) e restos de cultivos melhoram as condições do solo, reduzindo as infestações de capim-carrapicho, guanxuma, grama-seda, etc.

5. Cobertura viva:

O plantio de adubos verdes constitui uma cobertura viva do solo que pode estabelecer uma relação de alta competição com as ervas indesejáveis, como o milheto, crotalária, lab-lab, guandu, e outras. A vantagem é que o seu poder de inibição permanece após o seu corte e distribuição sobre o solo, como realizado no plantio direto. É possível a implantação de adubos verdes no verão e em seguida no inverno.

6. Cobertura com plástico:

A cobertura do terreno com uma lâmina de polietileno (não transparente) vem sendo muito utilizada para pequenas áreas, como no cultivo do morango e outras hortaliças. Além de impedir o crescimento das ervas invasoras, ajuda a manter  a umidade do solo.

7. Cultivo mecânico:

Consiste no emprego de cultivadores tracionados por animais ou trator. É um método bastante utilizado, principalmente no cultivos de cereais e grãos, como: milho, feijão, etc.

8. Plantas alelopáticas:

São plantas que combatem outras plantas. Isto ocorre quando uma planta viva ou morta exerce uma inibição química sobre a germinação ou desenvolvimento de outra.

9. Roçadeiras:

As roçadeiras manuais ou tratorizadas são meios simples e rápidos para o manejo das ervas invasoras nas entre-linhas dos pomares e nas pastagens. A roçada do mato é uma prática importante de conservação de solo nos terrenos inclinados.

10. Rotação de culturas:

As plantas invasoras são enfraquecidas nas áreas onde é feita a rotação de culturas. Evitar a monocultura que permite a formação de invasoras persistentes. Há outros benefícios como o melhor aproveitamento dos adubos e a redução das pragas e moléstias.



Rotação e sucessão de culturas






      A rotação de culturas é uma prática agrícola onde a observação e a experiência mostravam aos agricultores, já há três mil anos, a necessidade de variar os cultivos na mesma área. Esta prática acabou sendo esquecida em todo o mundo devido as grandes guerras, quando a demanda por cereais fez surgir a agricultura dirigida, conduzindo para a monocultura. Com o manejo inadequado destas lavouras houve um aumento gradativo de doenças, pragas e plantas espontâneas ou indicadoras, levando o agricultor a usar mais agrotóxicos e, o que é pior, colocando em risco o meio ambiente. Outro problema causado pela monocultura é o desequilíbrio nutricional das plantas, agravado pelo uso abusivo e desequilibrado de adubos químicos e manejo inadequado do solo. A rotação de culturas é uma das práticas que reduz e até pode eliminar alguns dos problemas citados. Na prática, sabe-se que a rotação e/ou sucessão de cultivos já é realizada por alguns olericultores, localizados próximos aos grandes centros consumidores, sem no entanto levar em consideração os princípios fundamentais para o sucesso desta prática milenar. É muito comum também os produtores confundirem rotação de culturas com sucessão de culturas. Por isso, a seguir estão relacionados os conceitos de rotação, monocultura, sucessão e consorciação de culturas. 

Monocultura: é o uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área. Todos os anos a mesma ou as mesmas espécies são semeadas ou plantadas no mesmo local. Caso a adubação não seja adequada, pode ocorrer o esgotamento do solo em determinado nutriente ou mesmo excesso em função do não aproveitamento do mesmo. Em conseqüência, pode ocorrer o desequilíbrio nutricional do solo, favorecendo as doenças e prejudicando a qualidade das hortaliças. 

Sucessão de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies em seqüência, na mesma área, em um período igual ou inferior a 12 meses, sem levar em consideração a família botânica das espécies. 

Consorciação de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies simultaneamente na mesma área. Neste tipo de cultivo há competição interespecífica em parte ou em todo o ciclo de desenvolvimento da cultura. 

A rotação de culturas: é o cultivo alternado de diferentes espécies vegetais no mesmo local e na mesma estação do ano, seguindo-se um plano predefinido, de acordo com princípios básicos. A rotação, se utilizada de forma correta, é um investimento no solo, resultando em benefícios tanto no rendimento como na qualidade das hortaliças, além de equilibrar a fertilidade do solo e reduzir pragas, doenças e plantas espontâneas.

Princípios básicos da rotação de culturas 



- não cultivar, no mesmo lugar, espécies da mesma família botânica, pois essas estão sujeitas às mesmas pragas, doenças e plantas espontâneas. É o princípio de “matar de fome” os insetos, os fungos e as bactérias que atacam as plantas cultivadas; 



- ao utilizar espécies de famílias botânicas diferentes na rotação de culturas, deve-se alternar culturas com diferentes exigências nutricionais e com diferentes sistemas radiculares. 



Dentre as famílias botânicas, as solanáceas (Figura 1) possuem maiores problemas de doenças e pragas, seguidas pelas cucurbitáceas (Figura 1), brássicas (Figura 1) e lilliáceas. Estas espécies não devem ser cultivadas na mesma área e estação do ano. 



Principais benefícios da rotação de culturas 



Redução e/ou eliminação de doenças, pragas e plantas espontâneas; aumento da produtividade e melhoria da qualidade, com redução de custos; manutenção e/ou melhoria da fertilidade e propriedades físicas do solo; redução das perdas por erosão; diversificação de renda da propriedade; melhor aproveitamento dos fatores de produção (terra, capital e mão-de-obra). 



O tempo de rotação 



Depende do interesse econômico, da área disponível, intensidade de cultivo e dos problemas (doenças, insetos-pragas e plantas espontâneas) que se deseja manejar. 



As doenças manejadas pela rotação 



- Bactérias: murchadeira, podridão mole, sarna, cancro, podridão negra, manchas bacteriana e angular; 



- Fungos: podridões dos frutos, seca e de esclerotínia, rizoctoniose, pinta preta, mancha de estenfílio, murchas de fusário e de verticilium, septoriose, mal-do-pé, queima das folhas, antracnose, míldio e ferrugem; 



- Nematóides: ocorrem principalmente em batata, tomate, cenoura, ervilha e beterraba. 





As melhores espécies para rotação 



Depende do problema que se deseja controlar e da adaptação às condições de clima e solo. As gramíneas, denominadas atualmente de poáceas e, as leguminosas são as mais indicadas. A família das poáceas (anteriormente denominada de gramíneas), tais como milho, aveia, cana-de-açúcar, pastagens e outras espécies, são as mais indicadas para rotação com hortaliças, pois são mais resistentes às pragas e doenças, desfavorecem o desenvolvimento de algumas bactérias e fungos (rizosfera antagônica) e inibem as plantas espontâneas. As leguminosas, como a mucuna, são ótimas opções para rotação por possuírem grande capacidade de melhorar e cobrir o solo, reduzindo as plantas espontâneas, fixando o nitrogênio do ar e reciclando nutrientes do solo devido ao sistema radicular profundo, além de controlar a doença fusariose. As leguminosas (crotalária e mucuna) são hospedeiros de nematóides. As leguminosas possuem efeito supressor e/ou alelopático à diversas plantas espontâneas (tiririca, picão preto e branco, capim carrapicho e capim paulista). Uma ótima opção de rotação de culturas no verão é o consórcio milho-verde e mucuna (Figura 2). Uma ótima alternativa para rotação de culturas no inverno é o consórcio de aveia, ervilhaca e nabo forrageiro. 



Alelopatia



Plantas Companheiras
São plantas pertencentes a espécies ou famílias, que se ajudam e complementam mutuamente, não apenas na ocupação do espaço e utilização de água, luz e nutrientes, mas também por meio de interações bioquímicas chamadas de Efeitos Alelopáticos. Estes podem ser tanto de natureza estimuladora quanto inibidora, não somente entre plantas, mas também em relação a insetos e outros animais.
Seguem alguns exemplos :
As plantas da família das solanáceas ( tomate, batata, pimentão, entre outras) e as da família das compostas (Cichoriaceae), como alfaces e chicórias combinam bem entre si. Estas famílias, por sua vez, também combinam com umbelíferas (Apiaceae) como cenoura, salsa, aipo, erva-doce, batata-salsa e com Liliáceas como o alho e a cebola.
Alface e chicória
combinam entre si
As cuburbitáceas (abóbora, pepino, melão, melancia, chuchu) associam-se bem com as solanáceas, com plantas leguminosas(feijão, ervilha) e gramíneas(milho, trigo), conforme seu hábito de crescimento e forma de cultivo; alternado-se fileiras -duplas tutoradas, por exemplo, de tomate, feijão-vagem e pepino, ou na tradicional associação de milho, feijão e abóbora.
A regra geral para uma boa associação ou rotação de culturas é a de escolher sempre uma sequência de plantas de famílias diferentes.
Alelopatia Aplicada
Em relação aos insetos prejudiciais, algumas plantas têm ação repelente ou atrativa. Ambos efeitos podem ser utilizados nos exemplos a seguir:
Plantas Antagônicas
Algumas espécies possuem substâncias que afastam ou inibem a ação de insetos, como ocorre, por exemplo, com o piretro, presente no cravo-de-defunto e nos crisântemos. Como qualquer estratégia de manejo agroecológico, o uso de tais plantas não deve ser feito isoladamente e, sim, dentro de uma visão abrangente de promoção do equilibro ecológico em toda a propriedade agrícola. Quanto mais equilibrados estiverem o solo, as plantas e os animais, menor será a necessidade de se apelar para tais estratégias, aproximando a produção orgânica da situação ideal que é a de pouco intervir porque agroecossistema já se tornou capaz de se auto-regular.
a) Cravo-de-defunto (Tagetes minuta) e ou Cravorana (Tagetes sp) silvestre.
As plantas inteiras, principalmente no florescimento, são boas repelentes de insetos e nematóides (no solo). Usadas em bordadura das culturas ou em pulverizações na forma de extratos alcoólicos, atuam tanto por ação direta contra as pragas, quanto por "disfarce" das culturas pelo seu forte odor.
Fórmula Geral: 200 gramas de planta verde, mascerados por 12 (doze) horas em álcool (aproximadamento 1 litro) e diluídos em 18 a 19 litros de água (20 litros para pulverização)
Cravo de defunto é um bom repelente de insetos
b) Cinamomo (Melia azedorach L., família Meliaceae)
O chá das folhas e o extraído acetônico-alcoólico dos frutos (ambos na dosagem média de 200 gramas para um volume final de 20 litros para pulverização) são inseticidas. Os frutos devem ser moídos e seu pó pode ser usado na conservação de grãos armazenados.
Observação: É uma árvore ornamental comum no sul do Brasil, de origem asiática.
c) Saboneteira ( Sapindus saponaria L.)
Árvore nativa da América Tropical, usada como ornamental , possui nos frutos um efeito inseticida. Para se ter uma idéia de seu poder de ação, vale mencionar que seis frutos bastam para preservar 60 quilos de grãos armazenados.
Os estratos podem ser feitos dos frutos amassados diretamente em água (uso imediato) ou conservados por extração acetônica e/ou alcoólica. Em ambos os casos, 200 gramas são suficientes para o volume de 20 litros de um pulverizador costal.
d) Quássia ou Pau-amargo (Quassia amara, família Simarubaceae)
Arbusto alto, nativo da América Central, com ação inseticida especialmente contra moscas e mosquitos, pelo alto teor de substâncias amargas na casca e madeira. Estas partes podem ser usadas em pó ou extrato acetônico-alcoólico, assim como os ramos e folhas, variando apenas a concentração: 200 gramas de cascas ou madeira moída.
e) Mucuna-preta (Mucuna sp ou Stizolobium oterrium)
Plantada associada ao milho, evita mais de 90% da instalação dos gorgulhos nas espigas

Atrativos ou "Plantas-Armadilhas"
Muitas plantas possuem substâncias atrativas específicas para alguns insetos, que podem ser utilizadas como plantas-armadilha para várias pragas. A simples concentração dessas pragas já as torna mais vulneráveis a parasitas e predadores, assim como mais sujeitas a doenças, permitindo também a utilização de métodos agroecológicos de manejo de pragas e doenças.

Seguem alguns exemplos de plantas atrativas de comprovada utilidade na horticultura:
Purungo ou Cabaça (Lagenaria vulgaris)
Plantado em bordadura (em forma de cercas-vivas) ou com seus frutos cortados e espalhados na lavoura é o melhor atrativo para o besourinho ou vaquinha verde-amarela (Diabrotica speciosa).
Tajujá (Cayaponia tayuya)
Planta da família das cucurbitáceas, atrativa para as vaquinhas. Sua limitação consiste no fato de que as raízes que são a parte mais útil da planta, são de cultivo mais difícil que o do Purungo.

Veja no quadro, alguns exemplos de associações benéficas e maléficas entre plantas. A escolha das associações mais favoráveis de plantas melhora as condições do solo e aumenta a produção da cultura principal.
Legenda:
1) Favorece o crescimento
e acentua o sabor.
2) Repele pragas.
3) Ajuda a recompor o solo.

Culturas Beneficiadas
Plantas companheiras
Plantas Antagônicas
Abóbora
1) milho, vagem, acelga, taioba, chicória, amendoim.
2)  nastúrcio, abobrinha
batata
Alface
1)  cenoura,rabanete, morango, pepino, alho-poró, beterraba, rúcula, abobrinha
salsa, girassol
Alho-poró
1) cenoura, tomate, salsão
2) cebola, alho

Aspargo
1)  tomate, salsão, manjericão.
2)  malmequer
cebola, alho, gladíolos
Bardana
1)  funcho
2)  cenoura

Batata
1) feijão, milho, repolho, rábano, favas, ervilha, cereja.
2) alho, berinjela (isca), urtiga, raiz-forte, cravo-de-defunto
3) caruru
abóbora, pepino, girassol, tomate, maçã, framboesa, abobrinha
Berinjela
1)  feijão, vagem

Beterraba
1)  couve, rábano, alface, nabo, vagem
2)  cebola
vagem
Café
1) seringueira
kiri
Cebola
1) beterraba, morango, camomila, tomate, couve segurelha, alface
3) caruru
ervilha, feijão
Cebolinha
1)  cenoura
ervilha, feijão
Cenoura
1) ervilha, alface, manjerona, feijão, rabanete, tomate, cebola, cebolinha, bardana, alho-poró, sálvia, alecrim
endro
Couve
1) cebola, batata, salsão, beterraba, camomila, hortelã, endro
2) artemísia, sálvia, alecrim, menta, tomilho, losna
framboesa, tomate, vagem
Couve-chinesa
1)  vagem

Couve-flor
1) salsão

Ervilha
1) cenoura, nabo, rabanete, pepino, milho, feijão, abóbora, couve-rábano, milho-doce
cebola, alho, batata, gladíolos
Espinafre
1) morango, feijão, beterraba, couve-flor

Feijão
1) milho, batata, cenoura, pepino, couve-flor, repolho, couve, petúnia, ervas aromáticas
2) alecrim, serigurelha, nabo
alho-poró, funcho, alho, cebola, salsão, gladíolos
Feijões arbustivos
1) girassol, batata, pepino, milho, salsão, morango
2) segurelha
cebola, alho, tomate, funcho, beterraba, couve-rábano, girassol
Frutíferas
1) tanásia, nastúrcio

Girassol
1) pepino, feijão
batata
Laranjeira
1) seringueira, goiabeira

Maxixe
1) quiabo, milho

Milho
1) batata, ervilha, feijão, pepino, abóbora, melão, melancia, trigo, rúcula, nabo, rabanete, quiabo, maxixe, mostarda, feijão-de-porco, serralha, moranga
2) girassol
3) beldroega, caruru
gladíolos
Morango
1) espinafre, alface, tomate, feijão-branco, borragem
repolho, funcho, couve
Mostarda
1) milho

Nabo
1) ervilha, milho
2) alecrim, hortelã
tomate
Pepino
1) girassol, feijão, milho, ervilha, alface
2) rabanete
batata, ervas aromáticas, sálvia
Quiabo
1)  milho

Rabanete
1) ervilha, pepino, agrião, cenoura, espinafre, vagem, chicória, cerefólio, milho
2) nastúrcio
3) alface
acelga
Repolho (brócolis)
1) ervas aromáticas, batata, salsão, beterraba, alface
2) nastúrcio, hortelã, estragão, cebola, cebolinha
morango, tomate, vagem, manjerona
Rúcula
1) chicória, vagem, couve-rábano, milho, alface
salsa
Salsa
1) tomate, aspargo
alface, rúcula
Serralha
1) tomate, cebola, milho

Salsão
1) alho-poró, tomate, couve-flor, repolho, feijão arbustivo, couve.

Taioba
1) abóbora

Sorgo

gergelim, trigo
Tomate
1) cebola, cebolinha, salsa, cenoura, calêndula, serralha, erva-cidreira
2) malmequer, menta, nastúrcio, urtiga, manjericão, borrabem, cravo-de-defunto.
couve-rábano, batata, funcho, repolho, pepino, feijão
Vagem
1) milho, segurelha, abóbora, rúcula, chicória, acelga
2) rabanete
cebola, beterraba, girassol, couve-rábano



Pesquisa e elaboração:

Equipe Técnica da SASAC/PDHC/PROJEJO HORTAS E POMARES