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AGROECOLOGIA E O DESENVOLVIMENTO LOCAL |
março 17,
2008 por Xaluan
Os prazeres da grandeza e da riqueza
permeiam o imaginário humano. Estes prazeres “ferem” a imaginação como algo
nobre, grande e belo, merecendo todos os esforços para a sua concretização. A
natureza dos desejos nos impõe a ilusão em acumular mercadorias (capital),
produzir excedentes, desenvolver a atividade industrial num movimento contínuo
e dinâmico.
É esse imaginário que faz o homem
cultivar a terra de tantas maneiras diferentes; destruir florestas e exaurir os
campos de cultura, como os gregos na antigüidade clássica; construir casas em
vez de cabanas; preferir refrigerante a suco de frutas; aperfeiçoar as ciências
e as artes; fundar cidades, a exemplo dos romanos que empreenderam contra
Cartago, conquistando aquelas então ricas terras agrícolas, onde hoje estão
areais de um deserto sem esperança.
A agroecologia ressurge como
alternativa para romper com o modelo difusionista/concentrador moderno,
denominado revolução verde, onde a busca incessante por níveis de produtividade
submete a inteira dependência do homem à tecnologia, na posição de
“subserviência”.
Essa nova ciência, ou filosofia
natural, parte de uma compreensão holística dos agroecossistemas, ultrapassando
a visão unidimensionista, mecânica, para atender, de forma equilibrada, a
sociedade, a ciência e o meio ambiente. De forma que mantenha a
sustentabilidade e a oportunidade harmônica da vida.
O grande desafio da agroecologia em uma
sociedade pós-moderna reside em inserir, ou adequar, o avanço científico de
modo sustentável, fomentando a cooperação entre o homem, a tecnologia e o meio
ambiente. Talvez a palavra harmonia pudesse ser substituída por equilíbrio,
isso porque a história tem mostrado que a utilização da mecanização na
agricultura e do melhoramento genético, implementado no pós-guerra, com a
revolução verde, não é um modelo de inclusão social, nem tampouco favorece a
sustentabilidade dos recursos naturais.
Nessa lógica incessante por crescimento
econômico, a sociedade moderna tem se transformado em um grande exército da
tecnologia convencional, resultando na frivolidade das relações interpessoais,
no descompromisso com a ética, a justiça, a eqüidade e, conseqüentemente, com o
desenvolvimento sustentável.
O discurso ortodoxo ambiental, partindo
do pressuposto de que o meio ambiente deva ser mantido, de forma intocável,
resgatando as práticas medievais da agricultura, pode ser muito importante aos
teóricos que necessitam escrever papers a
serem publicados nos congressos, simpósios, jornadas e encontros ou também para
os políticos, os quais necessitam de alguma “boa causa” para lançarem mão de
uma nova candidatura.
Portanto, ao que parece, a abordagem
pós-moderna para a agroecologia promove uma dinâmica integrativa onde se
vinculam e se articulam os empreendimentos e atores locais, que encenam em um
palco iluminado pelas dificuldades da vida, possibilitando a utilização
racional do meio ambiente e o real exercício da cidadania visando gerar maiores
oportunidades de trabalho e renda e melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Isso supõe mudanças de paradigma quanto
à utilização de tecnologia, na agroecologia, de defensivos ou de uma outra
forma não-ecológica para o mercado. O equilíbrio e a racionalidade do trabalho
com o meio ambiente é a força motriz dessa ciência agrícola. O mercado não pode
ser exorcizado, mas percebido como um novo paradigma possível de
relacionamentos sociais saudáveis, maior participação nas estruturas do poder.
Toda mudança gera conflitos, que
implicam a ruptura do hábito e da rotina na condição de integrar um novo
pensar, impulsionado por um sonho de uma vida melhor.
http://economiaparapoetas.wordpress.com/2008/03/17/agroecologia-e-o-desenvolvimento-local/
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