quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

AGROECOLOGIA E O DESENVOLVIMENTO LOCAL

AGROECOLOGIA E O DESENVOLVIMENTO LOCAL







março 17, 2008 por Xaluan

Os prazeres da grandeza e da riqueza permeiam o imaginário humano. Estes prazeres “ferem” a imaginação como algo nobre, grande e belo, merecendo todos os esforços para a sua concretização. A natureza dos desejos nos impõe a ilusão em acumular mercadorias (capital), produzir excedentes, desenvolver a atividade industrial num movimento contínuo e dinâmico.

É esse imaginário que faz o homem cultivar a terra de tantas maneiras diferentes; destruir florestas e exaurir os campos de cultura, como os gregos na antigüidade clássica; construir casas em vez de cabanas; preferir refrigerante a suco de frutas; aperfeiçoar as ciências e as artes; fundar cidades, a exemplo dos romanos que empreenderam contra Cartago, conquistando aquelas então ricas terras agrícolas, onde hoje estão areais de um deserto sem esperança.

A agroecologia ressurge como alternativa para romper com o modelo difusionista/concentrador moderno, denominado revolução verde, onde a busca incessante por níveis de produtividade submete a inteira dependência do homem à tecnologia, na posição de “subserviência”.

Essa nova ciência, ou filosofia natural, parte de uma compreensão holística dos agroecossistemas, ultrapassando a visão unidimensionista, mecânica, para atender, de forma equilibrada, a sociedade, a ciência e o meio ambiente. De forma que mantenha a sustentabilidade e a oportunidade harmônica da vida.

O grande desafio da agroecologia em uma sociedade pós-moderna reside em inserir, ou adequar, o avanço científico de modo sustentável, fomentando a cooperação entre o homem, a tecnologia e o meio ambiente. Talvez a palavra harmonia pudesse ser substituída por equilíbrio, isso porque a história tem mostrado que a utilização da mecanização na agricultura e do melhoramento genético, implementado no pós-guerra, com a revolução verde, não é um modelo de inclusão social, nem tampouco favorece a sustentabilidade dos recursos naturais.
Nessa lógica incessante por crescimento econômico, a sociedade moderna tem se transformado em um grande exército da tecnologia convencional, resultando na frivolidade das relações interpessoais, no descompromisso com a ética, a justiça, a eqüidade e, conseqüentemente, com o desenvolvimento sustentável.

O discurso ortodoxo ambiental, partindo do pressuposto de que o meio ambiente deva ser mantido, de forma intocável, resgatando as práticas medievais da agricultura, pode ser muito importante aos teóricos que necessitam escrever papers a serem publicados nos congressos, simpósios, jornadas e encontros ou também para os políticos, os quais necessitam de alguma “boa causa” para lançarem mão de uma nova candidatura.

Portanto, ao que parece, a abordagem pós-moderna para a agroecologia promove uma dinâmica integrativa onde se vinculam e se articulam os empreendimentos e atores locais, que encenam em um palco iluminado pelas dificuldades da vida, possibilitando a utilização racional do meio ambiente e o real exercício da cidadania visando gerar maiores oportunidades de trabalho e renda e melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Isso supõe mudanças de paradigma quanto à utilização de tecnologia, na agroecologia, de defensivos ou de uma outra forma não-ecológica para o mercado. O equilíbrio e a racionalidade do trabalho com o meio ambiente é a força motriz dessa ciência agrícola. O mercado não pode ser exorcizado, mas percebido como um novo paradigma possível de relacionamentos sociais saudáveis, maior participação nas estruturas do poder.
Toda mudança gera conflitos, que implicam a ruptura do hábito e da rotina na condição de integrar um novo pensar, impulsionado por um sonho de uma vida melhor.

http://economiaparapoetas.wordpress.com/2008/03/17/agroecologia-e-o-desenvolvimento-local/



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